No Brasil, janeiro é sinônimo de festa. Praia, férias, prévias de carnaval. Todo mundo bronzeado, cheio de vitamina D.
Pelas bandas geladas do Canadá, a realidade é bem diferente. Os dias escuros do outono e o frio intenso do inverno afetam enormemente o humor da população, deixando muitos bem perto do limite.
De olho nessa oscilação, o psicólogo galês Cliff Arnall escreveu um artigo em 2005 tentando calcular o dia mais deprimente do ano. Arnall montou uma fórmula que calcula o dia em que o astral da população chega no seu nível mais baixo. A fórmula foi muito criticada por cientistas e a Universidade de Cardiff, à qual ele era vinculado na época em que escreveu o artigo, preferiu se distanciar da polêmica, o que acabou fazendo com que Arnall não ficasse por lá muito tempo.
Mas nada disso importava mais porque a moda pegou e o “dia mais deprê do ano” passou a chamar atenção da grande mídia. E como os cálculos apontavam com frequência para a terceira segunda-feira de janeiro, esse foi o dia eleito para ser celebrado nos anos seguintes. E ganhou até um nome especial: Blue Monday. (Lembrem-se que blue além de azul, também significa triste em inglês.)
Se a fórmula é matematicamente correta, eu não sei, mas que faz sentido, isso faz. A impaciência pela chegada da primavera com certeza atinge o ápice nesta época do ano.
É verdade que os dias começam a ficar um pouco mais longos, mas não o suficiente ainda para animar a galera. A segunda metade de janeiro também inaugura a parte mais fria do ano, que dura até o final de fevereiro quando, mesmo em cidades mais ao sul do país como Toronto, a temperatura (ou pelo menos a sensação térmica) baixa dos -20 C com frequência.
E não é só o clima, não. Se pensarmos direitinho, a euforia do Natal acabou mas as contas continuam chegando. A turma vem gastando dinheiro desde a Black Friday. A magia do Papai Noel se foi e a conta do cartão de crédito com as extravagâncias de fim de ano é impiedosa.
E aquelas promessas de ano novo? Aquelas que normalmente envolvem entrar na academia e perder peso. Pois é, em três semanas, as pessoas já perceberam que não vão cumpri-las e voltaram à vida real. (e ainda assim, as mesmas promessas são feitas todo ano, fazer o que…)
Nem os passarinhos cantando na rua a gente pode ouvir. Eles ainda estão na sua época de migração, provavelmente rindo dos pobres humanos que ficaram pra trás.
Então, fórmulas polêmicas à parte, a Blue Monday realmente é o dia mais triste do ano. Como se já não bastassem o frio, o fim da alegria natalina, as contas acumuladas, as promessas de ano novo quebradas, ainda é segunda-feira?! Aí é demais! Só falta agora ser um dia nublado…