A criançada já está animada! Todo mundo já comprou as suas fantasias! O Halloween está chegando!! Mas de onde veio essa tradição mesmo? Nem eu sabia. Então dei uma pesquisada no Wikipedia e vou dar uma resumida aqui:
O mês de outubro marca o início do outono no hemisfério norte. Nesta época do ano, os dias são extremamente curtos se comparados com os longos dias de verão. Os dias curtos e frios marcam o final da colheita e as preparações para o inverno.
Segundo o folclore celta, na Idade Média, acreditava-se também que, por conta da escuridão, o nosso mundo se aproximava do Além, um outro plano para onde os mortos iam. Com essa aproximação entre mundos paralelos, as almas e outras “criaturas do além” podiam mais facilmente pular para o nosso mundo. Ao voltar ao nosso mundo, os mortos procuravam os seus parentes ainda vivos. Estes então, preparavam refeições do agrado dos mortos pra fazer um mimo aos visitantes do outro mundo.
Porém, como muita gente temia os mortos (tinham medo de acerto de contas, etc) e não queriam ser reconhecidos pelas almas nas ruas, as pessoas passaram a se fantasiar de monstros, como uma espécie de camuflagem.
Há também uma forte influência do calendário cristão, não muito diferente do que acontece com o Carnaval. A palavra Halloween vem de uma abreviação de “All Hallows Evening”. All Hallows, também conhecido como All Saints Day é o Dia de Todos os Santos, que é comemorado pela Igreja Católica no dia 1º de novembro. “All Hallows Evening” é a noite anterior ao dia de Todos os Santos, ou seja, a noite de 31 de outubro, a noite do Halloween!!
No Dia de Todos os Santos, a Igreja relembra os santos e mártires que partiram, conhecidos ou não. Um dia depois, comemora o dia dos fiéis defuntos, onde os religiosos oram em nome dos recém-falecidos, para que eles encontrem a paz celestial e deixem o purgatório. Por isso, no Brasil, o dia 2 de novembro é feriado nacional, o Dia dos Finados.
Com a tradição de preparar refeições para receber ou orar pelos que partiram, grupos das classes menos privilegiadas (geralmente formados por crianças) começaram a bater nas portas das casas pedindo um pouco da refeição. Em troca, prometiam orar pelos mortos.
Outros se passavam pelas próprias almas esperadas pelas famílias e recebiam a refeição por elas preparada.
Havia ainda os que se juntavam em torno de um monstro ou animal, que servia como um líder do grupo. Muitas vezes, esse líder se vestia com uma fantasia de cavalo (algo parecido com as fantasias de cavalo-marinho e bumba-meu-boi no folclore brasileiro) e passavam de casa em casa cantando músicas e pedindo comida. Se o dono da casa oferecesse comida, seria abençoado e bons fluidos viriam para a sua família. Caso contrário, algo de ruim aconteceria.
Com o fim da colheita, não era difícil achar cascas de abóboras e outros alimentos. Os pedintes usavam as abóboras ocas para fazer delas um lampião (em inglês lantern) para iluminar o caminho.
Também esculpiam nas cascas figuras monstruosas, representando os espíritos pelos quais estavam orando. Vem daí a origem da famosa abóbora que simboliza o Halloween, apelidada de Jack-o’-lantern (algo como João do Lampião).
Os ciganos europeus popularizaram essa prática, viajando com seus animais e suas carroças pelo continente. Dançavam ao redor de uma figura central, um homem vestido num macacão de urso, a La Ursa. Esse costume se popularizou no carnaval pernambucano, com o povo saindo na rua em grupos cantando:
– A La Ursa quer dinheio, quem não dá é pirangueiro
(Se você não sabe o significado de pirangueiro, consulte um dicionário de nordestinês).
Juntando todas essas peças, dá pra notar de onde vem a tradição de dar doces aos “monstros” que batem à nossa porta na noite de Halloween.
Atualmente, além de festas góticas, maratonas de filmes de terror e outras referências aos monstros, o Halloween é a festa da criançada na América do Norte. Como não temos Carnaval aqui, é a época do ano em que todos se fantasiam e saem às ruas pedindo doces, assim como as trupes da Idade Média. Batem de porta em porta dizendo:
– Trick or treat!!
Basicamente, estão pedindo um treat (doces, bombons, etc), mas também ameaçando um trick (trote) se não receberem nada em troca.
Os trotes normalmente consistiam em fazer alguma coisa com a fachada da casa, tipo jogar um ovo na porta ou enrolar a entrada da casa em papel higiênico. Ou ainda bater na porta da casa e correr pra longe. A prática de jogar ovo nas casas ou nos carros (chamada de egging) é considerada vandalismo nos dias atuais. Obviamente, hoje tudo é mais uma brincadeira do que uma ameaça. Quem está em casa, abre a porta e dá uns docinhos pra criançada. Quem não está, normalmente deixa as luzes apagadas e as crianças não perdem tempo indo lá.
Um dos trick-or-treatings mais memoráveis que tivemos foi em 2012. Estávamos precisando de ajuda com Thomas, que ainda não ia para a escola e Nega topou passar um tempo conosco. Ela não quis perder o Halloween e decidiu sair pra fazer o trick-or-treat com Louisa. Colocou uma fantasia de fantasma, pra ninguém ver que não era uma criança e foi junto com a meninada.
Louisa mostrou o caminho. Bateu na porta e disse:
– Trick or treat!!
Virou pra Nega e disse:
– Vai Nega, agora é a sua vez!
Nega não teve dúvidas! Virou-se pro dono da casa e disse:
– Trique-trique!!